A Unipampa (Universidade Federal do Pampa) precisa da contratação de,
ao menos, 182 professores para completar seu quadro docente. Criada em
2008, a instituição tem hoje 9.187 alunos na graduação e receberá outros
3.120 ingressantes em 2013.
Dessas vagas, 107 foram autorizadas pelo MEC (Ministério da Educação) e
aguardam publicação de edital. O processo de concurso demora cerca de
dois meses, prevê o vice-reitor, Almir Barros da Silva Santos Neto.
Depois da convocação, os professores têm até 30 dias para serem
empossados.
Antes do fim do semestre de aulas, que já está em curso e deve acabar
em junho, é provável que as vagas abertas por novo concurso ainda não
tenham professores contratados.
Outras 75 vagas estão negociadas com o ministério e, até o início de
2014, devem ser autorizadas, explica o vice-reitor. Após a autorização
do ministério, os editais devem ser lançados.
A instituição tem hoje 672 docentes --já somadas cinco nomeações
recentes-- distribuídos por 63 cursos de graduação em dez campi no Rio
Grande do Sul . A sede da Unipampa, em Bagé, fica a 377 km de Porto
Alegre.
Faltam mais
Os alunos reclamam que o número de professores autorizados ainda não é
suficiente. O problema está estampado no horário de aulas deste semestre
dos sete cursos de graduação do campus Uruguaiana, todos disponíveis
para consulta na internet. Em 36 disciplinas há o aviso "aguardando concurso para professor".
"Todos os cursos [do campus Uruguaiana] têm falta de professores, mas
alguns estão em situação pior, como o da [medicina] veterinária", afirma
a presidente do centro acadêmico de Uruguaiana, Dandara Fidélis Escoto.
No bacharelado de medicina veterinária, os alunos reivindicam 17
professores para completar o quadro de 33 docentes previsto no projeto
pedagógico. "Temos 57 disciplinas ofertadas neste semestre, 13 estão sem
professores. E ainda receberemos os calouros, ou seja, ainda tem mais
aulas que terão de ser ofertadas", explica Douglas Martin, aluno do 6º
semestre e membro do DAMV (Diretório Acadêmico da Medicina Veterinária).
Consolidação
A reitoria não informou a demanda total de docentes nos 63 cursos de
graduação e afirma estar fazendo um estudo para levar novo pedido ao
ministério na próxima semana. "É uma preocupação da reitoria ter mais
docentes", afirmou o vice-reitor, "ao longo de 2012 fizemos reuniões com
o MEC para mostrar essa necessidade".
"Além das autorizadas e das pactuadas, a gente espera receber mais
algumas vagas ainda, não só de docentes como de
técnico-administrativos", assegura o vice-reitor, que também prevê a
abertura de novos cursos na universidade. Na época de sua criação a
universidade tinha 27 cursos, hoje são 63. A expansão é parte do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).
Sobrecarga dos docentes
Nem todas as cadeiras sem professor na universidade dependem de
autorização do ministério, a instituição tem também de preencher vagas
deixadas por professores contratados que saem da institução. "O que
ocorre, não só na Unipampa mas em outras instituições novas, é que às
vezes o professor quer ir para centros maiores", explica Almir Barros.
Para cobrir os espaços no currículo, os contratados se desdobram.
"Temos professores dando 20 horas-aula por semana na graduação. Mas, em
alguns cursos, isso já não basta", conta a presidente do centro
acadêmico. Os professores efetivos deveriam dedicar, no máximo, 12 horas
por semana à graduação, e partilhar o restante de seu tempo entre
pesquisa e aulas para a pós-graduação.
Os alunos reclamam também a contratação de técnicos-administrativos
para o funcionamento devido de bibliotecas, laboratórios e serviços
administrativos. Segundo a reitoria, dentro dos próximos dias será
aberto concurso para cerca de cem vagas.
Raio-x da Unipampa
A Unipampa nasceu em novembro de 2005 no projeto de expansão do ensino
superior no país como um acordo de cooperação entre a UFPel
(Universidade Federal de Pelotas) e a UFSM (Universidade Federal de
Santa Maria). Em janeiro de 2008, a instituição foi criada como Fundação
Universidade Federal do Pampa.
Segundo o Projeto Institucional da instituição, feito em 2009 e disponível na internet,
no momento da criação, a universidade contava com 2.320 alunos e 180
docentes. Em cinco anos, o número de alunos quase quadruplicou. Segundo a
reitoria, são 9.187 alunos matriculados na graduação atualmente. Outras
3.120 vagas devem ser preenchidas em 2013 pelo Sisu (Sistema de Seleção
Unificada).
A instituição oferece 63 cursos de graduação distribuídos em dez campi:
Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana
do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana.
De acordo com o vice-reitor, ainda há a previsão de abertura de novos
cursos de graduação, como o de direito (campus São Borja) e outra
graduação no campus Dom Pedrito.
Por Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
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